Dublagem? O que é? Quem faz? Como se faz? Onde? Hoje, no Globo Repórter! Oops, quero dizer: hoje aqui na coluna! (hahahaha) Claro, se você aprecia um pouquinho da arte da dublagem, já tem um conhecimento prévio do que ela é e como é feita. E se passou a me acompanhar por aqui, vem aprendendo bastante, junto comigo, um pouco mais sobre a história dessa arte.
Maaaas e você aí, você mesmo que sabe pouco, ainda, e tem uma curiosidade enorme e quer conhecer mais, eu tenho a solução: volte 10 “casas”, digo, 10 colunas. (😉) Na verdade, você pode abrir novas abas, ler as outras colunas e retornar a esta ou pode escolher seguir por aqui e lê-las depois. Só não deixe de ler, porque assim você poderá aproveitar melhor os conteúdos que virão, okay?
Então, vamos ao que interessa? (Sim!) O assunto de hoje é: o processo e a evolução da técnica na dublagem, bem como o uso de tecnologias. Sim, porque a tecnologia no fazer, evoluiu demais ao longo dos anos. Para alguns, pode parecer que tudo tem sido feito da mesma maneira desde sempre ou que é um trabalho bem simples de ser executado, só que não! (hehehe) Toda carreira possui suas dificuldades e evoluiu no seu fazer.
Normalmente, quando algo já está bem estabelecido entre nós, na sociedade, seja um costume, uma lei, uma tecnologia, tendemos a crer que as coisas sempre foram do jeito que são ou como a conhecemos a partir de um determinado momento, mas nem sempre.
Veja, até pouco tempo atrás a internet era discada. Era preciso ter um telefone fixo em casa para se conectar à rede mundial de computadores. Existiam “orelhões” (cabines telefônicas) espalhadas pela cidade toda para se fazer ligações. Para se trocar o canal da TV era preciso levantar-se do sofá, pois não havia controle remoto. E para assistir seu desenho preferido ou filme era preciso esperar o programa exibi-lo na TV.
Hoje, não somos mais reféns disso, vide o YouTube e os canais sob demanda que permitem assistirmos as produções no nosso tempo. O mesmo aconteceu com a dublagem, ela evoluiu bastante ao longo dos anos.
Entre os anos de 1900 a 1910 o cinema começa a flertar com a arte da dublagem e a sonorização, isso porque ainda na era do cinema mudo/silencioso, nas salas de exibição, costumavam-se ter: sonoplastas, narradores e uma orquestra acompanhando o filme, criando uma atmosfera única e envolvente que atraía e hipnotizava o público.
Além deles, atores e cantores se ocultavam atrás das telonas e interpretavam diálogos e canções sincronizando-as com a imagem enquanto os espectadores assistiam a projeção. Ou seja, o que acontecia, então, era uma dublagem ao vivo. (Uau, não?)
Portanto, assim como existem dublês de cena, de corpo, também existiam os chamados: dublês de voz. Atores e cantores que substituíam a voz do(a) artista em cena. E isso acontecia por diversos motivos, como por exemplo: o fato de alguns deles não cantarem ou não possuírem uma voz agradável, condizente com o personagem que interpretavam.
A dublagem, então, tanto serviu inicialmente para dar uma voz adequada aos artistas em cena quanto para a gravação em estúdio dos diálogos mal captados nos sets de filmagens, até chegar no que o senso comum compreende como: a arte da substituição das vozes originais estrangeiras pelas vozes locais.
Uma pausa agora. Porque, eu sei, você deve estar se perguntando exatamente assim: “Então, você está me dizendo que mesmo os filmes de Hollywood eram dublados por atores locais?” E eu digo: Sim, isso mesmo! Tudo já era dublado, há tempos! Muitos desses artistas tiveram suas vozes substituídas ainda no original e você pode assisti-los em um filme desses bem antigos e acreditar que está ouvindo suas belas vozes originais, quando na verdade, não está, pois estas pertencem a outrem que os dublaram!
Mas, voltando… A dublagem foi mesmo se consolidar a partir da década de 1920 com o advento do cinema falado/sonoro. Surge O Cantor de Jazz (1927), o primeiro filme sonoro/falado da história, dando o pontapé inicial para sonorização da sétima arte e em seguida com a expansão da indústria cinematográfica americana os países exibidores logo passaram a dublar seus filmes, criando e desenvolvendo a arte da dublagem.
Walt Disney a partir de Branca de Neve e os Sete Anões (1937) difundiu ainda mais essa arte pelo mundo. Até que chegam os anos de 1950, onde no Brasil, a dublagem se tornará bem popular e um ofício diário a partir desta década. Envolvendo muitos profissionais oriundos, principalmente, do rádio neste início. Antes disso, as dublagens eram feitas de forma esporádica, não havia uma regularidade e nem ao menos interesse/necessidade. É justamente com a popularização da TV no país e a partir da década de 1960 que a dublagem ganha força e espaço.
Como disse, no início da chegada da TV algumas emissoras eram responsáveis por dublarem alguns filmes e desenhos, com o passar do tempo há uma ampliação nos horários das grades das emissoras e nesse momento foi preciso preenchê-los com novos programas.
Assim, passaram a ser exibidos na TV muitos produtos estrangeiros e estes começaram a ser dublados, tanto por uma questão de acessibilidade e necessidade quanto por uma questão legislativa que até hoje vigora a favor da dublagem na TV aberta. Então, os famosos enlatados invadiram a TV brasileira de vez. E eram assim chamados, pois os filmes vinham acondicionados em latas. CineCastro, Herbert Richers, Gravasom e AIC foram alguns desses estúdios pioneiros do fazer diário da dublagem.
Neste início, como nos relata o dublador Nelson Machado em seu livro (Versão Brasileira), o trabalho no estúdio era composto, além dos dubladores, pelos seguintes profissionais: o projecionista, responsável por projetar o filme na tela do estúdio; o técnico de som, que operava a mesa de som e o gravador; o contrarregra, que era responsável por reproduzir através do manuseio de diversos materiais os efeitos sonoros correspondente as cenas e o diretor que organizava e orientava os dubladores e a equipe técnica em geral.
Logo, nessa primeira fase da dublagem, ainda analógica, o trabalho era quase artesanal e incluía muitas etapas. Resumidamente podemos dizer que: os filmes em películas de 16 mm chegavam, eram decupados e separados em anéis/loops de 20 segundos cada, de acordo com a aparição de cada personagem, a fim de facilitar a gravação. Terminada as gravações o filme era reconstituído e o áudio dublado que fora gravado em fita magnética era levado para um equipamento de sincronização manual, a moviola.
Ainda tinham as M&E (músicas e efeitos), que muitas vezes eram refeitas e também sincronizadas na moviola. Uma vez que todos os áudios foram mixados em uma única fita magnética, novamente tudo era transferido para uma cópia do filme em película, unindo à imagem a versão dublada dos áudios gravados.
Logo após houve a inserção do sistema U-Matic nos estúdios, onde as gravações eram feitas em fitas magnéticas de vídeo, semelhantes às VHS, só que bem maiores. Agora, era possível realizar o trabalho de forma mais rápida e dinâmica e caso algo saísse errado, podia-se voltar a fita até a gravação insatisfatória e regravá-la, editando a partir daquele ponto em diante. Na hora de mixar, o profissional responsável pegava as fitas onde estavam gravadas as dublagens, mais a fita de M&E e as unia em um único suporte ideal.
Essa prática analógica perdurou e muito no Brasil, entre 1960 e 1980 ela foi largamente utilizada, e devido a dois fatores principais: primeiro a resistência de alguns estúdios à modernização e o segundo o seu alto custo. Contudo, não teve jeito, e o moderno se impôs ao antigo a partir do ano de 1995 com a inserção do sistema Pro Tools no mercado de dublagem. Esse software, inicialmente não foi criado com foco no mercado audiovisual e sim musical, porém foi nele que se consagrou.
Suas vantagens quando comparado aos sistemas adotados anteriormente pela dublagem, são enormes. Já que, além de oferecer diversas possibilidades de edição, há incontáveis canais para gravações e o fato deste ocupar um espaço bem menor, reunindo vários dos equipamentos analógicos em um computador. Provocando tanto uma melhora na captação das vozes em estúdio como na mixagem dos sons e imagens, resultando num produto final com maior precisão no sincronismo e no áudio dublado.
Assim sendo, dos grandes estúdios, construídos com altura e largura significativas, assemelhando-se às salas de cinema e com portas e paredes bem grossas a fim de estabelecer um ambiente acústico ideal para técnica e a dublagem que acontecia em conjunto na bancada. Até os estúdios domésticos (em alta nesta pandemia), onde a dublagem é feita de forma remota e solitária, muita coisa mudou e ainda vai mudar na prática, no dia a dia de se fazer dublagem. Só o que não pode mudar é a qualidade. Essa, temos que manter em alta, independente das transformações tecnológicas que virão. Concorda?
Quer acrescentar algo? Dizer sobre o que aprendeu de novo ao ler o texto de hoje? Comenta aqui abaixo quais foram suas impressões. Te aguardo, ansiosa, na próxima coluna com mais curiosidades sobre a história da dublagem! Ah, não esqueça: compartilhe com seus amigos. Até mais!
Ual Mai,
Que coluna bacana!
Gente, nem imaginava que antes da dublagem ser como a conhecemos hoje, ela já era tão presente e fundamental há mais de um século já! Estou impressionada em como aprender mais sobre essa arte me surpreende a cada coluna. Obrigada por compartilhar conosco seus conhecimentos e pesquisas =D
E cá entre nós, para os fãs da dublagem ter uma lei que garante produtos dublados na TV aberta até hoje é bom demais! Afinal, a dublagem é também uma forma de acessibilidade como vimos em uma coluna anterior =)
E é impressionante como ela era feita, sério, eu fico boquiaberta sempre que vejo a respeito, tantos profissionais, tantos detalhes e tantas habilidades! Sensacional demais, por um lado fico feliz de saber que a tecnologia evoluiu ao ponto de termos os estúdios de dublagem caseiros, que tem sido indispensáveis neste momento, por outro, como fã do passado, era incrível tudo o que faziam e como era tão trabalhoso!
Amo aprender cada vez mais a cada coluna com você. Adoro a forma como nos trás inúmeras informações de forma leve e gostosa! Parabéns!
Grande abraço e já estou ansiosa pela próxima =D
Que máximo, Lê! Fico tão feliz ao ler seus depoimentos e saber que está gostando de aprender junto comigo! Muito obrigada! 💛🤩😘
Muito interessante! Principalmente a parte dos dublês de voz que a gente até esquece que existe! Essa arte também existe no ramo da música, um exemplo é a cantora brasileira Corona, do hit Rhythm Of The Night. Na verdade, Jenny B. é a responsável pelo vozeirão dela, ou seja, é sua dublê de voz.
O ramo da dublagem é muito extenso e eu estou amando explorar cada um deles com suas colunas, Maisa!
Wooow, Agora você explodiu minha cabeça!
eu sempre achei que era a Olga que cantava essa música, e quando eu trabalhava em um hotel em cuiabá eu até gravei um vídeo com ela pra postar no instagram, pedindo pra ela cantar um trechinho da música kkk puts, não desmerece o trabalho dela (ela dança e faz o playback perfeitamente) mas perdeu um pouquinho a magia kkk mas tudo bem, é morrendo e aprendendo,
Excelente Matéria Maisa, suas colunas são demais e já me sinto como se fosse seu amigo de longa data!
Uaaauuu Willy, você me fez rir, obrigada! Adorei que já fez novas amizades por aqui! hehehe Vocês, meus leitores, são incríveis e contribuem demais pra coluna! Muito obrigada pelo seu comentário, fiquei imensamente feliz em saber que me acompanha e está curtindo minhas colunas! Sim, também me sinto amiga de vocês de longa data! 💛🤩😘
Uaauu Amanda, você é demais! Obrigada por me acompanhar nessa expedição ao universo da dublagem e por contribuir trazendo mais essa curiosidade! Nosso amigo Wily adorou! 💛🤩😘
Caracaaa que trabalhão que dava fazer uma dublagem!!! Ainda bem que as tecnologias ajudaram a melhorar esse processo. Conhecer mais desse “fazer dublagem” sempre me encanta !!! Adoreeei saber mai 😍😍😍 Você arrasou, como sempre, nessa pesquisa e texto👏👏👏
Trabalhão,né? hehehe Realmente é encantador descobrir cada vez mais sobre a dublagem e contar tudinho pra vocês aqui! Muito obrigada por sempre se fazer presente e se interessar por mais, Marcela! 💛🤩😘