Fábio Lucindo

CINCO

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Nesta última semana participei de um Podcast chamado “Arte de Ouvir” com os colegas , Cidália Castro e Saulo . O tema do episódio era , claro, mas a partir de duas perspectivas distintas: e atuação.

Saber cantar e são apenas duas das inúmeras habilidades básicas de qualquer profissional, se na prática isso ocorre, o fato se deve ao enorme déficit pedagógico generalizado das artes no . (assunto para outro texto)

O que diferencia um de um ?

Afinal, cantar é interpretar uma ?

Dentre as observações de Cidália, a que mais me interessou foi sua declarada preferência por um que entregue uma sonoridade que lhe contagie emotivamente em vez de alguém que execute notas com perfeição. 

Digo o mesmo: prefiro um ator que se emocione e me emocione enquanto dubla que aquele que simplesmente comece e termine frases em sincronia perfeita. A digitalização do áudio já resolveu essas questões. 

O que me leva a seguinte conclusão:

Seja qual for o seu campo de trabalho, o que diferencia o seu modo de fazer é a carga emotiva que potencializa suas ações. Isso é transmissível e identificável. Num plano tão sutil quanto poderoso. É o que nos rege, literalmente. Uns chamam de carisma, talento, dom, identidade, maneirismo, jeitinho, jeitão…é como cada um desfruta sua singularidade.

A intersecção entre e vai além daqueles momentos específicos e literais em que uma música precisa ser .

Extrapolo: pra mim, toda , assim como toda obra de arte, ˆaspira continuamente a condição de músicaˆ, obrigado Walter Pater.

A dublagem deixa isso mais explícito pois também tem nos sons, matéria etérea, sua base concreta para a sedimentação de sentidos. O resto é variação linguística.

Desconstruir o ofício do é uma das tarefas que mais me dá prazer ultimamente, tornou-se quase uma paranoia. Separar os âmbitos da dublagem em gavetas e depois me distanciar para observar o gaveteiro que surge é algo que me interessa. (Talvez porque jamais tenha construído dois gaveteiros iguais até hoje)

Ei-lo

O (gaveteiro) que se forma neste domingo é um grande baú, ou melhor, uma caixona de música que, quando aberta, em vez de uma bailarina, vemos uma pequena rodopiando em volta de um microfone.

Agora esqueça essa fofa e veja se meu raciocínio faz sentido.

O é o concerto

O texto traduzido é a partitura

A ritmo de fala do ator da obra original impõe o compasso

A tonalidade se dá pela interpretação 

Cabe ao fazer suas próprias notações de pausas e respirações quando ensaia para executar da melhor forma possível seu ˆsopro instrumentalizadoˆ durante a .

O trabalho é executado em uníssono, carrega a mesma mensagem, possui o mesmo objetivo, e o atinge através de caminhos completamente distintos. 

Cidália e Saulo chegaram até a dublagem através da música. e Michelle pelo caminho da atuação. Esses campos vêm se retroalimentado de maneira cada vez mais constante dentro da dublagem a ponto de causar certos ruídos. Há uma tendência, principalmente em produções , de escolher um ator para um a partir de sua performance como , o contrário, que saiba, só aconteceu uma vez. ( em A Bela e a )

Eis a crise: O que é melhor, ensinar um a ou ensinar um a cantar

A resposta clássica:

Depende.

O assunto é amplo e espinhoso e talvez eu já tenha me alongado demais por aqui…pra terminar e deixar um leve gancho para o próximo texto, digo.

Dublador ruim é aquele que ˆcanta^



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