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Maisa Caroline

DUBLADO OU LEGENDADO? EIS A QUESTÃO!

Hamlet claramente reflexivo na imagem (meme) acima é o retrato de uma discussão que parece nunca ter fim quando falamos sobre tradução para o audiovisual.  Há quem prefira dublado e há quem prefira legendado. (Sério, existe quem prefira ler um filme! Bom, gosto é gosto =D!) E há quem defenda os dois. E por que não? Esse duelo entre um e outro é tão antigo quanto o cinema mudo e a TV em preto e branco. As duas formas são ferramentas importantes e devem coexistir, sendo o público o juiz dessa partida. Cabe a ele decidir como consumir um produto audiovisual estrangeiro. Apenas deve-se ofertar ambas as possibilidades.

Mas uma coisa é preciso entender e desmistificar, os preconceitos atribuídos às duas formas de tradução, que ao longo dos anos criou uma rixa entre os defensores da dublagem contra os defensores da legendagem e vice-versa. Você sabe quando, possivelmente, começou essa briga? O porquê alguns ainda insistem em atrelar o gosto pela dublagem a um nível intelectual baixo? Não? Bem, provavelmente a origem de todos os preconceitos seja a desinformação e a detenção dela por partes de alguns que desejam controlar e até impedir que mais pessoas tenham acesso à cultura e a educação. Pois, sabe-se que ao menos no Brasil, para se consumir arte é um pouco caro e uma das mais populares formas de entretenimento cultural seja assistir TV.

Voltando um pouco na história, temos o surgimento do cinema, ainda mudo e em preto branco, com o passar dos anos ganhou som, diálogos e cores. A indústria, mais famosa, a hollywoodiana, queria mais e expandir seu mercado, investindo cada vez mais nisso, com o advento da sonorização, acreditaram eles que refilmar os seus filmes com os atores dos países para o qual queriam vendê-los, era uma ideia brilhante. Bom, não foi né? Era muito custoso e trabalhoso, logo perceberam então, que dublar seria uma solução interessante e acessível.

E foi assim que muitos filmes começaram a ser dublados ao redor do mundo. E as legendas? Sim, as legendas também existiam, não para o público dos EUA, que sempre as repudiou. Na verdade, eles nunca curtiram ler legendas, sentiam-se desconfortáveis. Daí também a indústria do cinema por lá realizar muitas versões de filmes estrangeiros. Uma por questões culturais citadas anteriormente e outra por questões nacionalistas. Eles pouco se abrem para o intercâmbio cultural.

Enquanto nos EUA acontecia este tipo de coisa, em outros países como Itália, França, Alemanha, México, tudo ou quase tudo se é dublado desde sempre. Dando acesso e preservando um dos elementos principais de uma cultura, a língua. Veja que tudo é uma questão de hábito, costume e política. Estes países optaram por esse caminho e dublam muito bem desde então. Já em Portugal eles assistem as produções dubladas com o português do Brasil ou legendadas, novamente uma questão de costume. Eles foram educados assim.

Portanto a questão de ser melhor ou pior não existe e de forma alguma passa pela capacidade intelectual do público. Você não é menos ou mais inteligente do que o outro, porque escolheu assistir a um filme dublado ou legendado. Somente optou por uma que lhe agrada. Embora o filme seja uma forma de expressão artística denominada audiovisual e que para ser apreciada em sua totalidade exige do espectador atenção máxima ao diálogo e as imagens, há quem consiga acompanhar um filme de forma satisfatória lendo as legendas.

Vale lembrar que se a pessoa domina o idioma original, a legenda para ela não fará muita diferença. Em um estudo realizado pelo professor da FGV, Marcelo Peruzzo (PhD em Neurociência), é apontado que se perde cerca de 25% do filme quando se opta por assisti-lo com legendas, pois o espectador acaba se concentrando mais na leitura ao invés de experienciar o todo, perdendo detalhes importantes das cenas. Diante disso, assistir a filmes dublados se torna um ideal e para a maioria é uma escolha assertiva de vivenciar a experiência por completo de um produto audiovisual.

Fora tudo isto já citado, no Brasil, infelizmente não somos exímios leitores. Lemos muito pouco, cerca de dois livros por ano e 30% nunca compraram um livro, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2016. Há muitos analfabetos, idosos, deficientes visuais, além claro, das crianças em idade pré-escolar que precisam dos produtos dublados para compreenderem no todo o que assistem. Assim como os deficientes auditivos precisam de legendas nos filmes para acompanharem as produções audiovisuais. Deste modo, radicalismo nessa área não combina e é preciso oferecer todo tipo de acesso, facilitando e democratizando a informação.

No Brasil desde a década de 1960 é lei que os produtos que vão para a TV sejam dublados e isso contribuiu muito para que a dublagem se firmasse no país. Pois, além claro da proteção a língua portuguesa (patrimônio imaterial), ela facilitou o acesso de muitos brasileiros que não conseguiam compreender alguns programas estrangeiros, que no início da TV eram legendados e por má qualidade da imagem (os famosos chuviscos na tela) ou por defeito das fabricantes que cortavam as legendas, tornando as ilegíveis para o telespectador. Já nos cinemas o fenômeno era o inverso, somente as animações eram dubladas e alguns poucos filmes, porque a qualidade do som das salas não era muito boa e como costumavam-se legendar, o público não se importava muito.

Claro que ao passar dos anos a tecnologia melhorou muito, a dublagem evoluiu, a qualidade das salas de cinema melhorou e muitos filmes já chegam nos cinemas nas duas versões. Uma conquista do público que gosta e admira a dublagem, mas entende a importância da legendagem. E num futuro próximo mais salas de cinema e a TV buscarão trazer sessões com audiodescrição, legendas ocultas e LIBRAS, visando a acessibilidade e democratização da arte audiovisual.

Para encerrar não custa lembrar que tanto a dublagem como a legendagem são formas de tradução e que quando realizadas são feitas adaptações ao idioma local e neste processo, naturalmente, muita coisa será perdida e selecionada visando a compreensão da obra pelo espectador que não domina o idioma original e somente quem o domina não “perderá” nada do que assiste, quando opta pelo áudio original.

Ufa, muita informação? (= D) Mas a reflexão é necessária! E aí o que você achou, me conta? Vamos conversar! Ah e compartilhe com os seus, talvez alguém mais se interesse por este conteúdo. Bem, na próxima quinta-feira eu volto com mais uma curiosidade sobre a história da dublagem, até lá!

15 Comments

  1. Luana Flor says:

    Eu n sei quanto aos outros. Mas eu assisto de ambas maneiras. Tem filmes q só assisto dublado e outros q por ser fã de algum ator específico,vejo legendado.

    Acho a Dublagem Brasileira incrível e muitas marcam, como a Dublagem do Adam Sandler que é mais “Adam Sandler” que o original! (Kjkkkk)

    • Luana, você disse tudo! O Alexandre Moreno, voz do Adam Sandler na versão dublada, éééééé muito melhor que ele, mas muito mesmo! hahaha Da gosto de assistir dublado de tão bom que é o trabalho do Alexandre! Viva a dublagem brasileira!💛🤩

  2. Marcela Ilustrapop says:

    Falou tudo, 👏👏👏é uma questão de escolha, eu aaamo os dois … às vezes quero ouvir as vozes dos atores originais e às vezes a dublagem brasileira me arrebata !!! Animações e clássicos da sessão da tarde só consigo ver dublado !!! Hehehe Fora que o melhor de ver dublado é decorar as frases marcantes e repetir em qualquer momento da vida kkkk
    Amei a coluna de hoje !!! ❤️❤️❤️

    • Uhuuuuuuullllllllll obrigada Marcela! 💛💛💛 É isso aí, as duas devem coexistir para que o público decida e tenha acesso! Maaaaaaassssss a dublagem sempre me arrebata e sim, adddddoooooro repetir as falas e aplico na vida os bordões! hahahahahahaha Animações e clássicos da sessão da tarde e afins, amo! A dublagem brasileira só elevou o nível desses produtos! 🤩🤩🤩

  3. Amanda says:

    Também não tenho preferência. Assisto das duas maneiras. Essa coluna fez eu me lembrar de um fato engraçado. Fui no cinema com umas amigas e elas ficaram discutindo se seria dublado ou legendado. Depois de um tempo a maioria escolheu dublado e ao entrarmos na sessão, o filme: Um Lugar Silencioso. Não sabíamos, mas quase ninguém fala nesse filme! Tanta coisa para nada! 🤣
    Ótima coluna, Maisa!

    • Amaaaandaaaaaaaaaaa que história engraçada, me fez rir muito! hahahahaha Tá vendo como a dublagem marca?! Nunca mais você esqueceu dela e nem do filme!rs Obrigada por isso e pelo incentivo de sempre! 💛🤩

  4. Luiz says:

    “(Sério, existe quem prefira ler um filme! Bom, gosto é gosto =D!)”

    Ótimo texto! Também nunca entendi o fascínio que muitos tem por legendas. No meu caso, só assisto legendado apenas se não houver outra opção.

    • Oi Luiz, nossa muito obrigada! Que bom que gostou do texto! 💛🤩 Pois é, não entendo o fascínio por legendas, não mesmo! rs Eu também só assisto legendado em último caso!

  5. Deyse says:

    Gosto muito das duas versões, as vezes assisto dublado e legendado🤣🤣🤣🤣🤣🤣

    • Ao mesmo tempo Deyse?! hahahaha Confesso que também já fiz isso! rs Mas tudo bem, o que importa é termos todas as opções disponíveis!💛🤩

  6. says:

    Opa, opa, cheguei um pouco atrasada, mas cheguei!
    Já participei de várias discussões sobre qual a melhor forma de consumir o conteúdo traduzido, seja ele legendado ou dublado, eu sou apaixonada por ambas as formas e sempre que posso assisto a obra em suas duas versões =) Todavia por questões de preferência volte e meia cruzamos com pessoas que fazem dessa escolha motivo de rixa =/
    Até 2006 mais ou menos a minha preferência por produtos totalmente dublados era total, afinal os nossos estúdios de dublagem mandam muito bem via de regra, porém por causa do meu amor pelos animes, e para ter acesso a episódios ou conteúdos japoneses que não tinham sido dublados para nosso idioma passei a consumir meus episódios e filmes em japonês legendado, e confesso que por mais que eu sempre tenha amado ler, no começo sentia tanta falta de poder ver sem ler, mas como questão de costume e de adaptação logo aprendi a também admirar consumir produtos legendados, e aprendi a gostar de ouvir outros idiomas. E graças a serviços como a Netflix pude passar a consumir conteúdos nos mais variados idiomas e é uma delicia poder ouvi-los, mas ter o conforto e o prazer de admirar nossos dubladores é a melhor parte também rs

    Obrigada pelos dados históricos-culturais ajudando-nos a entender melhor a origem de ambos os modelos. Me corta o coraçãozinho ver os dados do nosso país na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2016, como amante dos livros e afins dói ver que o habito de leitura no nosso país ainda é tão baixo… =(

    Até quinta querida amiga!
    E parabéns por conseguir transmitir tantas informações de uma forma tão leve e gostosa de acompanhar =)

    • Oi Lê, que mensagem bacana! Legal saber que aprecia as duas formas e entende a importância de ambas. Hoje, você tem a opção de escolher como vai assistir um produto audiovisual e mesmo que tenha desenvolvido a habilidade da leitura rápida de legendas e também a use para aprender novos idiomas, continua a valorizar muito a arte da dublagem e seus profissionais. Muito legal isso! Por fim, muito obrigada por compartilhar sua opinião e impressões sobre o texto! Amo saber que estou conseguindo transmitir tanta informação de forma divertida e que esteja contribuindo para a construção do conhecimento! Gratidão!

  7. Thiago says:

    Minha preferência é legendado, mas creio que seja por costume, além do que, tem atores que realmente prefiro no idioma original mesmo. Quando era pequeno onde minha família alugava fitas praticamente toda a locadora era legendada, exceto míseros desenhos e claro A Turma da Mônica, com isso, tudo que a gente alugava era…legendado, e pelo menos no meu bairro, na escola, ninguém ligava, na verdade naquela época não se discutia isso tanto quanto hoje, todo mundo assistia e se divertia, depois com o tempo foi chegando mais desenhos dublados, mas filmes mesmo era raríssimo. Por isso digo, costume. Agora filmes que assisti mais pela tv, Sessão da Tarde e afins hoje continuo a ver dublado. Porém tem filmes recentes que saem com dublagens que particularmente acho muito ruins, mas creio que se deve a inexperiência e claro, possam vir a melhorar. Mas essa galera mais antiga da dublagem nem se discute, eles deixam os filmes excelentes

    • Olá Thiago, obrigada por sua mensagem! “Essa galera mais antiga da dublagem” é tudo de bom, é patrimônio cultural do Brasil! Tudo que dublam fica excelente, mesmo! Afinal, são profissionais experientes e qualificadíssimos, responsáveis por formarem novos dubladores! Quanto aos filmes da Sessão da Tarde e afins, eles possuem dublagens realmente marcantes e tem um lugar especial no nosso coração, é impossível não assistir dublado!hehehe

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