Fábio Lucindo

DOIS

DOIS. Para Araken Saldanha.
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lembro de ter ficado muito surpreso quando, na mais tenra adolescência, transgredindo horários, ao assistir “O Sexo Mora ao Lado” no Cine Prive da , encontrei a figura do Araka. Assustei. Miou minha balada.
nunca tive de contar isso pra ele.

Depois fui descobrir que o cara tinha feito vários com o Mazzaropi, Zé do Caixão, Cassiano Gabus Mendes, Lima Duarte, John Herbert… e me toquei que já fazia certo que trabalhava com a viva das artes cênicas brasileiras sem dar o devido valor/reconhecimento.

Pra mim era só o Araka, um de “das antigas” que se utilizava de uma ironia muito fina para se comunicar, a ponto de ser difícil identificar quando ele estava falando sério ou brincando – “fica assim mesmo, ninguém vai ver ” ou “garoto, já estamos com uma hora de , você acha que ainda tem alguém acordado?”. Essas são algumas das frases que mais ouvi dele na vida quando ele aprovava meu trabalho, me deixando sempre na dúvida. Além disso, havia um cantarolar constante, ”lari- larilariiii”, inconfundível, que já preanunciava sua chegada nos ambientes.

O cara fez absolutamente tudo, quando tudo ainda meio que nem existia, menos o , claro, mas que ele também fez obviamente. (“O Ébrio”, 1953).

, Cinesom, Odil Phono , , , , SˆC, Megassom, Mater Sound, Masrshmalow, DPN, , Dublavídeo… pode escolher! O Araka trabalhou em todos os de possíveis.

O Araka fumava…. fumava bem… fumava desde antes de ser “cool”, durante e depois.

Além do cigarro, em suas mãos havia sempre lixas de unha, sim, Araka era um homem garboso e elegante, andava sempre “na estica” e tinha suas vaidades, claro.

Lembro também de já ter perdido alguns minutos da minha vida observando seu nariz. seu sei era por causa do tamanho, do formato, ou da aparente textura.

Em 2002, descobri que o Araka tinha ido pro Japão e pra Coré do Sul assistir aos da Copa do Mundo. “Ele vai a todas”, me disseram.

Fato é que se tratava de um como poucos, com um comportamento muito particular e nenhum vestígio de soberba ou superioridade perante os outros.

Na última quinta-feira, dia 9 de julho de 2020, aos 92 anos, faleceu… fazia que eu via a toda tão tocada e quieta. Tratava-se talvez, da ú unanimidade burra dos nossos tempos.

Sinto-me com sorte e triste.

Quer me falar algo? Deixa nos comentários ou me manda um e-mail! fabio.lucindo@versaodublada.com.


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