Há 96 anos, nascia a espanhola que seria a mexicana mais brasileira da TV: Angelines Fernádez, a nossa Bruxinha do 71, digo… Dona Clotilde.
María de los Ángeles Fernández Abad nasceu em Madri na Espanha em 30 de julho de 1924, filha de José Fernández e Manuela Abad. Durante sua juventude foi uma ativa opositora à ditadura de Francisco Franco, chegando a lutar nas Guerrilha antifranquista antes de emigrar para o México em 1947.
Angelines se iniciou artisticamente na comédia musical “Carlo Monte com Monte Carlo” na Companhia de Isabela Garcés. Depois, em 1947, emigrou para o México, com a Companhia de María Guerrero e Fernández Ardavin para se apresentar no Teatro Fábregas e depois no Teatro Ideal.
Posteriormente, ela chegou a fazer turnê pela América Latina e até se fixou um tempo em Cuba. Em 1950, ela fica de vez no México e começa a carreira artística na peça “Com Corazón com Freno y Marcha Atrás”. Durante esse tempo trabalhou em algumas radionovelas na conhecida “XEW” ao mesmo tempo em que atuava nas telinhas.
Foi pioneira na TV mexicana, sendo uma das participantes da inauguração da TV TIM, canal que contrataria e daria espaço para Chespirito fazer fama futuramente.
Angelines Fernández também foi uma das pioneiras do cinema mexicano, tendo atuado em 14 filmes, como “Maternidad Imposible”, de 1955. O primeiro filme de sua carreira.
Ingressou no elenco de Roberto Gómez Bolaños após pedir que seu amigo Ramón Valdés (o seu Madruga) sondasse Chespirito para saber se tinha algum papel para ela. No começo, teve certa dificuldade em se adaptar a comédia, visto que ela era uma atriz excessivamente dramática.
Alcançou sucesso em toda a América Latina com as personagens da turma de Chaves e Chapolin. Ela também teve outro personagem fixo nos programas de Chespirito: a dona Maricota Nachita, ou dona Cotinha, a vizinha fofoqueira da turma do Chaveco.
Ela atuou com suas personagens até 1991, saindo na temporada seguinte para tratar de sua saúde. Eu acho que a ideia era ela regressar na temporada de 1992, pois na turma do Chaveco, é dito que a personagem de dona Cotinha estava internada, mas que logo voltaria.
Acontece que a saúde de Angelines não estava muito boa para regressar.
A atriz então se aposentou neste ano. Chegou a ficar meses internada, vindo a falecer no Hospital Dalinde, às 19:40hs do dia 25 de março de 1994, devido à falência múltipla de órgãos, talvez decorrente do câncer que tinha no pulmão, por ser uma fumante inveterada. Ela está sepultada no “Mausoleu del Ángel”, mesmo cemitério onde está Ramón Valdés.
Obviamente, não poderia deixar de falar das vozes que Angelines Fernández teve no Brasil. A mais marcante certamente é a da também saudosa Helena Samara, que a dublou por tantos anos em Chaves e Chapolin na MaGa. Mas Helena não foi sua primeira dubladora! Em 1973, a antiga Tcnisom (atual Delart) foi contratada para dublar o filme “El Profe” (1971), protagonizado por Cantinflas.
O próprio Cantinflas escolheu Mário Monjardim para ser sua voz aqui. Acontece que o filme contou com a atuação de Angelines Fernández e, portanto, também deveria ter uma dubladora. Quem a dublou nessa película é um mistério até hoje. A terceira voz de Angelines foi a saudosa Gessy Fonseca, para os episódios de Chespirito para a CNT/Gazeta em 1997.
Em 1999, Helena Samara volta a dublar sua “boneca” na redublagem do programa Chespirito, feita na Gota Mágica para o SBT. Ela também faria isso em 2005, nos Estúdios Gábia, para os DVDs de Chaves lançados aqui.
Após o falecimento de Helena Samara, Beatriz loureiro assumiu a voz da atriz na versão da Rio Sound, para alguns episódios inéditos de Chaves no SBT. Atualmente, Isaura Gomes é a voz brasileira de Angelines Fernández, tendo dublado para o Multishow na Som de Vera Cruz.
Obrigado Angelines e obrigado a todas essas talentosíssimas atrizes, que mesmo sendo muitas, se tornaram uma! Única!