Recapitulado…
Dublador ruim é aquele que “canta”!
Me explico.
Dentro da dublagem chamamos de “cantar” aquela forma de falar bastante artificial e forçada, na qual, o dublador invariavelmente estica a duração das vogais para acertar o sincronismo, criando assim uma prosódia estranha que chama atenção mais para si que para o conteúdo.
É realmente bem tosco.
E é justamente esse modo de falar que a maioria das pessoas reproduz quando quer emitir julgamentos rasos sobre o tema da dublagem.
O problema aqui é a generalização, dizer que TODA dublagem é assim.
Isso é extremamente redutor além de ser falso.
Recentemente uma TikToker tentou incrementar seu número de seguidores e adquirir seu ingresso para a lacrolândia com alguns vídeos mostrando que assistir filmes dublados mudou sua própria forma de falar. Ela começa falando naturalmente e termina “cantando em dublês”.
Em seguida, Flora Paulita, produziu um “TikTok réplica” extremamente preciso e pontual onde mostrou na prática, e muito melhor que eu aqui, os equívocos contidos na manifestação da jovem.
Flora, aliás, merece um texto a parte. Hoje, além de ser uma das melhores diretoras e dubladoras do mundo (sem exagero, é uma questão de lógica – se a dublagem brasileira é considerada uma das melhores do mundo e Flora é uma das melhores do Brasil, logo…).
Flora é uma referência profissional, social, política e afetiva gigante dentro do mercado contemporâneo, praticamente uma neo Alessandra Araújo. (isso é muita coisa!)
Os vídeos da moça em questão são mais um sintoma que uma síntese. Sintoma de tempos onde opinião se confunde com análise crítica.
Como disse anteriormente, imagino que a intenção da garota tenha sido muito mais ser notada que iniciar qualquer tipo de debate sério sobre o tema. (outro sintoma contemporâneo)
Fato é que dubladores ruins existem, diretores ruins existem e dublagem tosca existe. Isso serve pra qualquer profissão.
Repito:
O equivoco está na generalização. O resto é feed de “me notem”.
Agora, pra desenvolver o tema e deixar outro gancho para o próximo texto, vou de leve “polêmica”. Falando de dublagem boa, dublagem bem feita, dublagem séria, cuidadosa e bem executada.
Mabel César, talvez a mais notável das dubladoras da atualidade, diz em seus vídeos e aulas que a dublagem boa é invisível.
Discordo.
A boa dublagem, como eu a entendo, é transparente. (e sim, existe muita diferença entre ser invisível e transparente)
Eis o mote para o próximo texto.
Até lá!
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fabio.lucindo@versaodublada.com.br
Bom trabalho Fábio, muito bem apresentada sua crônica