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Fábio Lucindo

BREVE PANORAMA

Fábio Lucindo retorna a sua coluna no Versão Dublada para comentar: dublar em home studio, um ano depos.

Escrevo este texto de retorno ao Versão Dublada (Viva! Avante, Ygor!) de dentro da minha casa, ou melhor, de dentro do meu quarto, não, de dentro do meu estúdio.

Faz mais de um ano e meio que eu acordo, trabalho, estudo, me alimento e descanso no mesmo cômodo. É cômodo e incomôdo ao mesmo tempo. 

Acabaram os encontros, os abraços, até os desafetos. 

E o quanto isso nos afeta sobra.

Este teto é familiar demais, Shinji.

Eu queria entrar na unidade 1 e colar em Brasília, na CPI, de leve.

Eu imaginei que isso tudo seria breve, 4 meses, no máximo, errei rude.

Comecei colocando o varal das roupas sobre a mesa da sala pra montar uma espécie de cabana acústica e achando bacana gravar todo enrolado em um edredom.

Não deu bom.

Depois de certo tempo as costas doem, o calor te derrete e estraga seu computador e você precisa do varal pra secar suas roupas

Depois você entende que em apenas uma hora não dá pra preparar o almoço, comer e limpar tudo, justo você que sempre comeu em 15 min pra tirar um bodinho de 45 depois do almoço

Falando em bodinho, as pausas para ir ao banheiro nunca foram tão rápidas e precisas, “voltamos as 10:27, ok?”

Café na cabine está liberado, é por sua conta e risco. 

Gravar de pijama nunca foi uma novidade pra mim, agora, com o cachorro no colo é gostoso demais.

Trocar de estúdio com apenas um link tornou possível o que muitos dubladores tentavam fazer (e sempre fracassavam, é claro) no mundo real: Marcar o fim de uma escala e o inicio de outra. NO MESMO HORÁRIO. Isso realmente é maravilhoso, mas ficar online o dia todo te esgota, te consome de uma maneira que até faz sentir saudades de um congestionamento de leve pra desbaratinar, mas passa logo.

O que posso dizer é que tem sido uma experiência e tanto, reveladora em muitos sentidos.

Estabeleceu-se uma nova plataforma e algumas trincheiras. E isso é bom.

O atual cenário é de retorno gradual daqueles estúdios que interromperam suas gravações presenciais e eu faço votos de que este retorno integral seja tão breve quanto seguro. O novo normal da dublagem é híbrido: remoto e presencial vão coexistir de acordo com as demandas do produto/cliente.  

O resto é luto e o mais puro suco de Brasil.

Neste período perdemos inúmeros e inestimáveis colegas, os maiores entre nós. Alguns dos menores seguem vivos mugindo.

2 Comments

  1. Fantástico texto e excelente raio x.

  2. Gabriel Pimentel says:

    Texto incrível, Fabio!

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