Cesar Romero, Jack Nicholson, Heath Ledger, Jared Leto e Joaquin Phoenix foram os únicos atores na história do cinema que tiveram a oportunidade de assumir o papel do tão querido e odiado Coringa.
Desde sempre, os fãs do palhaço são exigentes, frios e calculistas, o que só deixou o trabalho desses atores mais difícil quando o assunto era entregar um Joker que os agradasse. Bom, nem todos conseguiram essa façanha, alguns falharam miseravelmente, uns não foram memoráveis, agora, em contra partida, teve outros que conquistaram uma legião de fãs jamais vista e ficaram marcados na vida de muitos nerds.
Mas pera um pouco ai, por que uns foram tão bem assim a ponto de ganhar prêmios e outros pareciam até que foram uma alucinação coletiva de tão ruim? Será que há mesmo o melhor coringa de todos? Então, se for assim, qual a fórmula para o coringa perfeito? O bigode pintado de Cesar Romero foi mais fácil de ver do que o Coringa gangster de Leto? Chega de enrolação e bora lá!
A ÁGUA DA FONTE É SEMPRE A MELHOR
Como já sabem fidelidade não é sinônimo de qualidade, mas pra um personagem estar inserido em uma boa adaptação ele precisa pelo menos beber da fonte, nem que seja só um golinho de nada! O coringa de Cesar Romero (Turíbio Ruiz: 1ª voz e Marcos Miranda: 2ª voz) deu vários goles da fonte, que aquele tempo era o Coringa clássico dos quadrinhos, e por isso tinha mais aquela característica de antagonista pastelão e brincalhão, sem muita violência, mais focado em ser um vilão superficial e clichê.
Eu particularmente gosto desse estilo e o Coringa da era de bronze é um deles porque mesmo sendo clichê, ele conseguiu ser diferente e único de primeira, o que com certeza fez com que os leitores pensassem: “esse aqui vai dar bom”. Para vocês terem uma noção, na época que ele foi lançado na HQ do Batman, foi um diferencial tão grande que o vilão deveria morrer em sua própria aparição, mas a galera gostou tanto que os escritores mudaram de ideia.
Já que foi a primeira de todas, a fonte, até hoje vemos aspectos dessa versão do Joker em outras versões do personagem, como tortas na cara, esguichos de água, o gás da risada e o famoso aperto de mão elétrico. Essa é a sua essência e ela é um dos principais elementos na fórmula do “Coringa perfeito”, a partir daí, o escritor que se vire para trazer algo diferente, podendo mostrar outras visões e interpretações dessa mesma essência, a levando para um lado mais aprofundado de várias maneiras.
Como o filme do cara que vai comer a tia do “Batmá” não é muito recente, as pessoas de hoje em dia tendem a não gostar, sem falar de que algumas coisas não ajudam como o roteiro e o figurino “impecável” como o já citado bigode de Romero que ao invés de tirarem só passaram a maquiagem de palhaço por cima, até porque esses aspectos técnicos não eram o objetivo do filme, mas sim a comédia e o pastelão.
Pelo menos tudo isso nos rendeu e nos rende bons memes! Romero foi o primeiro Coringa a ser adaptado para filme e para série também, sendo o único aqui a retratar o palhaço das antigas! Pode ter tido seus defeitos e por isso não é o melhor coringa, mas é um clássico baseado em um clássico, respeita a essência do crush oculto do Batman e marcou a cultura nerd, então merece todo o respeito.
A REVOLUÇÃO DE BURTON
Anos depois um já conhecido rapaz resolveu fazer o seu próprio filme do Batman, daquele jeito que só ele sabe fazer, com um clima bizarro, uma trama profunda e personagens super desenvolvidos, Burton simplesmente revolucionou o gênero de super-héroi e até hoje é usado como exemplo pelo Batman (Nilton Valério), Pinguim (Mauro Ramos) e Coringa (Darcy Pedrosa) que ele criou.
O palhaço do crime foi tão bem desenvolvido no filme que os fãs do morcegão reclamaram que ele tomou os holofotes do herói deles! O seu coringa foi baseado nas animações dos anos 70, se misturando com o das HQs clássicas e das HQs dos anos 80, o que resultou em um vilão louco e muito perigoso, mas que ao mesmo tempo tem os seus interesses pessoais e é muito piadista, não perdendo a oportunidade de soltar aquela piada ou pegar alguém desprevenido em uma pegadinha.
Inclusive os criadores do Batman e do Coringa gostaram muito do que Burton fez porque a produção tem um ótimo equilíbrio, com sua parcela de drama pesando de um lado e a sua outra parcela fantasiosa, gótica e excêntrica pesando do outro, afinal, esses aspectos fazem parte da marca de Burton, algo que combinou mais do que queijo com goiabada!
Eu já amo o Tim Burton por causa das suas animações, ele me vem e faz um filmão desse, não tem como não gostar também! A sacada de um Coringa gangster clássico foi sensacional pois deu um fundo ao personagem, e Jack Nicholson o interpretou tão bem que não foi ele que se transformou no Coringa, mas sim o contrário! Ou vai me dizer que não lembrou do iluminado nas cenas de loucura do palhaço no filme?!
O Joker de Burton pode também ser considerado um baita clássico e pra mim é um dos melhores Coringas sem sombra de dúvida, ele respeita sua origem e ainda acrescenta um tom de fantasia que só Tim Burton consegue dar, que combinação meus amigos!
A VEZ DE NOLAN!
Christopher Nolan é outro grande exemplo de diretor que mostra que é possível se fazer de tudo com um personagem desde que não perca sua essência. A pegada de Nolan é o realismo, com uma fotografia mais escura e sempre fazendo uso de efeitos práticos, então é claro que isso ia combinar e muito com o universo Batman! O resultado dessa junção foi uma trilogia super aclamada pelos fãs, tendo, segundo muitos, o melhor Alfred (Márcio Seixas: 1ª voz e Pádua Moreira: 2ª voz), o melhor Batman (Ettore Zuim), e o melhor Coringa (Márcio Simões).
O filme foi lançado em 2008 e meses depois uma HQ com o nome “Coringa” também foi. O quadrinho parecia ser uma inspiração direta do filme de Nolan, mas é aí que todos se enganaram! Desde 2005 que essa HQ está sendo pensada e seu artista, Lee Bermejo, até havia postado uma foto no mesmo ano do visual do coringa que ele tinha criado.
Com a maquiagem desgastada, os cabelos desarrumados e a boca toda cortada e cheia de cicatrizes, essa era a nova versão do vilão nas HQs e em 2005 deu tanto o que falar entre os leitores que 3 anos depois Heath Ledger (Márcio Simões) apareceria com um visual baseado naquele estilo. Santo seja Lee Bermejo porque tanto na HQ, quanto no filme, o visu ficou fod@!
É claro que foi somente a aparência que foi baseada nesse coringa de Bermejo, já que Ledger criou a sua própria e única personalidade para o seu personagem, como todos sabem ele realmente incorporou o palhaço do crime.
Heath era um excelente ator e profissional, cada papel seu era uma imersão diferente, já no Coringa esse aprofundamento foi o maior. O sadismo, a psicopatia e a insanidade fazem parte do personagem e isso é passado muito bem pela atuação de Ledger com direito a improvisos perfeitamente inseridos pelo ator e micro expressões faciais que nem se fossem espontâneas seriam tão reais como Heath fez!
No entanto, a loucura não ultrapassa a inteligência dele, e é aí que mora o perigo, como parar um lunático que é mais inteligente que você e está sempre a sua frente? Essas são algumas características dos Coringas de “A Piada Mortal” e de “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, HQs dos anos 80 que definiram o traço de psicopatia do vilão na época.
Além disso tudo, o lado bobalhão e “engraçado” não é deixado de lado, só que aqui não é tão exagerado a ponto dele usar a pistola falsa com o “Bang” ou o aperto de mão elétrico já que o realismo de Nolan contrabalancea isso.
Vemos apenas piadas que muitas das vezes não acabam muito bem pra quem está ouvindo, haha!
Uma espécie de anarquismo é visto também nesse coringa, ele é contra sistema e como ele mesmo diz, só quer ver o circo pegar fogo, não há um motivo pessoal aqui. Esse lado rebelde é mais focado por Ledger em seu papel, reforçando essa característica com frases profundas e histórias que ele mesmo conta, sem falar do seu misterioso passado que ele trás a tona sempre de uma maneira diferente.
Christopher Nolan também fez sua diferença nesse gênero juntamente com Ledger que virou uma lenda e até hoje muitos se inspiram no seu coringa, em suas cenas e em suas frases, como por exemplo a “Por que tão sério?! Na minha humilde opinião, na questão de originalidade, Heath foi sem dúvidas o melhor Joker. A construção do seu personagem foi além do roteiro, foi algo mais profundo, algo mais instrospecto e é muito fácil a gente visualizar isso porque o ator permitiu.
A INJUSTIÇA DE JARED LETO
Um trailer com Queen de fundo, Jared Leto (Alexandre Moreno) como o novo Coringa, a estreia de Margot Robbie (Iara Riça) como Alerquina, esse filme não tinha nada para dar errado, mas infelizmente foi maior decepção daquele ano.
A direção simplista não deu espaço pra nenhuma cena marcante e o roteiro alterado de última hora entregou uma aventura de final feliz e amizade, sendo que o filme é sobre vilões assassinos e psicopatas. Um dos únicos pontos bons de Esquadrão Suicida foi a maquiagem até garantiu uma indicação ao Oscar, mas mesmo assim não garantiu um visual muito legal ao coringa da vez.
A inspiração aqui é clara na versão dos novos 52, um coringa mais violento e bruto, que deixa a estratégia e inteligência de lado para focar somente na insanidade. Já o figurino foi baseado no palhaço de vários artistas como Alex Ross e Frank Miller. No entanto, algumas coisas foram acrescentadas no figurino do vilão no objetivo de tentar fazer algo diferente, mas foi justamente isso que estragou o vilão que na época já tinha milhares de fãs, então já sabe né, coitado do Jared Leto.
Os dentes prateados e a quantidade de tatuagens não pegou muito bem e pelo que vimos no filme, não combinou nada com o personagem. Mas se víssemos mais desse Coringa, será que mudariamos nossa opinião? Para mim, Leto teve muito pouco espaço na trama por conta do roteiro que foi mudado de última hora e como sabemos que como ator ele não deixa a desejar, então nesse caso seria diferente por quê? Para mim, se Jared tivesse um diretor e um roteiro como Ledger teve, ele faria sim um bom Coringa e não seria hoje considerado por muitos, o pior palhaço do crime.
A PHOENIX SURGE DAS CINZAS!
Se passaram alguns anos, mais um Coringão foi anunciado e para não perder a tradição, com outro peso pesado do cinema e que tava até sumido desse meio, Joaquin Phoenix (Helio Ribeiro)!
Eu fiquei muito hypad! Quando saiu o trailer então… Phoenix, desde o filme “Her” me conquistou pois assim como Ledger ele também costuma mergulhar 100% em seus papéis, afinal, eles eram amigos próximos.
Todd Phillips é o diretor da vez e mesmo não tendo uma bagagem pesada como Nolan e Burton, fez um trabalho impecável no filme, conseguindo com maestria transitar de uma cena super pesada para uma cena bem humorada sem deixar forçado.
O incomodo e a vergonha alheia que sentimos assistindo ao filme foram propositalmente inseridos na direção para nos colocarmos no lugar de Arthur. Enquanto Nolan foi mais realista no sentindo efeitos práticos, Phillips foi mais realista na questão da história do personagem, deixando claro que qualquer um pode se tornar um vilão, é só preciso um dia ruim para isso.
Assim, a empatia pelo personagem cresce mais já que ele tem características tão reais que até a risada clássica do vilão teve sua explicação no filme.
Phoenix entregou um coringa bastante orginal também e mesmo sendo o quinto a vestir o manto do personagem nos cinemas, não teve dificuldades em renovar nas características do antagonista, sem deixar de perder a sua essência. Esse Joker é mais doentio, debilitado e não é planejador e estrategista como o de Heath, visto os sérios problemas mentais que ele tem.
Ele carrega a crítica social de que é a própria sociedade que cria os seus vilões, quebrando aquele clichê e mostrando o lado humano dos antagonistas e que antes de virarem os agressores eles também foram vítimas.
A fantasia aqui não tem lugar, muito menos a ficção, sobrando espaço somente para a dura realidade da vida. Por essa e outras o Coringa de Phoenix não é diretamente baseado em nenhuma versão dos quadrinhos, usando somente alguns traços do Coringa clássico das hqs como o senso de humor mórbido do vilão.
Seu visual foi totalmente criado do zero, e não é relacionado a nenhuma versão das HQs. Seu cabelo ele mesmo pinta e sua maquiagem ele mesmo faz para trabalhar como palhaço, por trás daquilo apenas um homem doentio e vítima de uma dura sociedade, diferente do que vimos durante anos que foca mais na ficção, com o vilão ficando maluco porque caiu em um tanque de tinta.
Eu particularmente amei o Joker de Phoenix justamente por conta dele ser mais pé no chão e trazer a história dele mais próximo da realidade, não é a toa que na época aconteceram muitos protestos usando o visual do Coringa dele.
Desde sua criação o Coringa ganhou centenas de versões nas HQs e nas animações, cada uma muito diferente da outra, então não existe essa de o melhor Coringa! Foi revelado recentemente que nas HQs, na verdade, existiram sempre três coringas! Um mais velho e estrategista, um mais psicopata e insano e o outro mais violento e doentio.
Já no cinema temos 5!
Cada um com suas qualidades e defeitos e muito diferentes entre si pois são versões que se basearam em distintos Coringas da história da Dc Comics.
Mas diz aí, para você, qual foi o melhor Coringa do cinema mesmo e por que o Heath Ledger? Haha, brincadeiras a parte, deixa seu comentário e seu opinião aí!
Até a próxima.
Pior é do Jared disparado,melhor é do Phoenix e do Ledger.