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A arte como um regaste: como a dublagem me salvou!

Wendel Bezerra e Tânia Gaidarji em 2014

Aqui é o Marcos Medeiros, o menino dos três “emes” , também conhecido como Marquinhos, Kinho ou Leãozinho. Sou natural de São Paulo mas, moro na cidade de Fortaleza. Tenho 24 anos, meu signo é de leão, minha cor predileta é azul e por causa dos dubladores me tornei ator e jornalista. Toda sexta-feira trarei uma coluna que vai abordar um lado mais social e humano da dublagem.

Estou aqui em frente a tela do meu notebook, acompanhado de uma boa xícara de café e rosquinhas. Me sinto grato de poder escrever sobre algo que amo e que me acompanha há algum tempo, oito anos para ser exato. Essa arte que literalmente já salvou minha vida e que é tão importante para acesso a cultura audiovisual de diversos grupos. Acho bom você pegar uma xícara de café também.

Minha relação com a dublagem começa como de muitas pessoas, na infância, assistindo desenhos animados seja no Bom Dia & Cia, programa da Eliana, na TV Globinho ou TV Cultura. Vendo os bons filmes da Sessão da Tarde, Tela Quente, Cinema em Casa, Cine Espetacular e até o Cine Belas Artes. Para mim, tantos atores quanto desenhos já falavam português brasileiro e foi um choque descobrir o que significava Versão Brasileira Herbert Richers ou Álamo.

Descobri a existência dos dubladores em Fortaleza durante um evento geek em 2011. E olha que louco, nasci em São Paulo, um dos pólos de dublagem no Brasil e nunca havia ouvido falar sobre eles. Eu tinha meus 15 anos, quando assisti uma palestra com Charles Emmanuel (Rony Weasley), Ulisses Bezerra (Shun de Andrômeda) e nosso eterno Silvio Navas (Mumm-ra). Infelizmente não tenho mais registros desse acontecimento. 

Conhecer esses dubladores, me inspirou a seguir essa profissão. Um sonho tão negado por mim, devido ao bullying, voltou a tona: queria ser ator. E consegui mais tarde, o teatro me fez entender muito sobre mim, sobre o próximo, sobre o mundo e a me libertar de várias mágoas. Subir aos palcos me resgatou e super indico para qualquer pessoa. 

Márcio Araújo, eu e Isabel de Sá em 2012

Nesse mesmo evento, agora em 2012, consegui uma vaga para ser repórter e tive a honra de entrevistar os dubladores Isabel de Sá e Márcio Araújo (Jessie e James em Pokémon). Foi assim que descobri minha outra profissão, já que atualmente sou formado em jornalismo. Esse ano foi especial, porque foi aqui que fundei meu blog o “Dubla Brasil” que mais tarde deu origem a página de Facebook  – Planeta da Dublagem e que agora está no Instagram.

No estúdio da Unidub em 2013

Graças ao “Planeta”, pude conhecer de fato os estúdios em São Paulo em 2013, conhecer sobre a profissão e me tornar amigo dos dubladores. Cheguei a ir a vários eventos, inclusivamente para conhecer algum dublador ou para reencontrar algum amigo da dublagem. 

Essa arte e os dubladores me deram norte e já me salvaram. Em 2017, péssimo por conta da depressão e pensando em suicídio devido uma desilusão amorosa, resolvi passar alguns dias em São Paulo. O contato com os dubladores, muitos deles pessoas de mente aberta, me ajudaram a me reapaixonar pela vida e a ficar bem novamente comigo mesmo e seguir meu sonho.

Estúdio Vox Mundi em 2018

A dublagem me abriu portas como assessor de alguns colegas, ir para os eventos e conhecer outras personalidades que sempre sonhei como Stan Yanevski (Viktor Krum de Harry Potter). E se hoje estou melhor da saúde mental nessa quarentena é porque todo dia tenho um dublador pra conversar durante as lives no Instagram.

Claro, isso é minha relação pessoal com essa arte de traduzir para o nosso idioma. Contudo é impossível negar a importância dela, para que crianças, cegos, analfabetos e idosos tenham acesso a cultura audiovisual. Por causa desse papel social, a dublagem merece nosso respeito.

As vozes dos dubladores sempre farão parte das nossas vidas. Os heróis e princesas que nos inspiram, seriam apenas estrangeiros sem uma voz no nosso idioma. Inúmeros bordões ficarão eternizados em nossas memórias afetivas por causa da bendita versão brasileira, e muitas vezes é mais engraçado ver dublado do que legendado. Afinal temos uma das melhores dublagem do mundo.

Mas este é apenas um relato, de Marcos Menezes & Medeiros, diretamente do Planeta da Dublagem, onde tudo pode acontecer. Até uma próxima viagem!

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